06 setembro 2012

Fazendo o caminho contrário: Das ações para as explicações

Pois bem...

O artigo abaixo demonstra bem o que quero dizer e que venho acompanhando há algum tempo, inicipalmente de forma solo ou trocando informações com algumas pessoas, mas de uns tempos pra cá percebi que precisava entrar mais no assunto, tanto no âmbito internacional quanto nacional.
Na verdade sou ligada aos Direitos Humanos há muito tempo, inclusive trabalhei diretamente por 5 anos em ações jurídicas, alguns de voces ja devem ter ouvido falar de algumas por aí, também no STF. Até meu TCC da faculdade é exemplo da minha consciência, umas 100 páginas de debate e explicações e argumentações jurídicas sobre o primeiro caso de racismo reconhecido na OEA, e onde o Brasil foi condenado, mas não fiz Direito, fiz Pedagogia, pois acredito que a consciência é um processo de múltiplos pensamentos e conhecimentos.





Infelizmente vai ter e já tem mulheres que não vão gostar do assunto, só o que posso dizer a elas é um imenso SINTO MUITO PELA SUA IGNORÂNCIA, mas logo depois preciso dizer a esta mesma mulher SINTO MUITO NOVAMENTE, VOCE TEM O PERFIL DA VITÍMA QUE VAI SE CALAR e produzir outras vitímas, parece agressivo o que eu disse, mas não é porque quem não lida com o assunto, não fala, não quer ouvir falar dele corre o grande risco de ser uma vitíma de agressão sexual, verbal e violência, e não estou falando de mulheres sem acesso não, e sim das que tem acesso à informação, apoio e meios de defesa, mas ainda sim se calam pois o medo de que saibam supera em muito o valor que dão por sua vida, e se voce ignora os fatos, o modus operandi que sempre é debatido por aí, os comportamentos estranhos do seu namorado, noivo ou marido, então... pode ser uma vitíma sim, pois nos detalhes podemos ver o início de uma história que pode acabar muito mal.

Resolvi abrir um espaço aqui no blog para falar sobre isto um pouco pelo mundo todo, e é claro, no caso do Brasil, pois apesar de todos os problemas, temos medidas que funcionam e quanto mais breve forem utilizadas melhor para afastar o agressor.

Mas também resolvi abrir este espaço para falar um pouco deste problema que está sério no Egito há algum tempo, de um modo geral para todas as mulheres nativas ou estrangeiras, as fotos abaixo falam por si...


Mas pra quem vive num mundo roseado quando se trata da dança do ventre no Egito, atolado numa realidade surtada onde o Egito é feito de dançarinas, pirâmides, mercados e camelos, não muito diferente da África do "eu me remexo muito...", só pode achar que o que vou dizer é insano, mas não é, lá na terra da dança, as bailainas são consideradas por muitos como prostitutas, homens e mulheres com mentalidades e deturpações que nem sei explicar, se é que pode ser explicado de alguma forma, precisam esconder seus trajes, profissão, quase uma situação clandestina em muitos lugares do Egito, por muitas vezes desrespeitadas até por gente do meio, não podendo inclusive lidar com seus contratos sem um agente masculino. e não adianta torcer o nariz, é a realidade que estão vivendo lá e quem busca saber mais das bailarinas por lá, já leu esta realidade muitas vezes.



Uma gama de absurdos sem fim, mas falemos a verdade, muita gente no Brasil de hoje, que não é lá um exemplo democrático até porque só a possuímos (a Democracia) há minímos 27 anos, muita coisa melhorou? sim, mas temos problemas sérios em relação à agressão contra mulheres aqui, principalmente dentro das famílias, e para quem acredita que os casos noticiados lá fora em países árabes e que chegam aqui é terrível, coisa de outro mundo, sugiro ler com mais atenção o jornal, os dados sobre Direitos Humanos, assédio sexual por membros da família e outras agressões em terras de berço esplêndido verá que a coisa tá muito feia aqui por aqui também.

Há muitos relatos no Egito de bailarinas assediadas, desrespeitadas, perseguidas, despejadas de seus apartamentos, agentes que acreditam merecer todo o seu $$$  deixando-a numa situação de literal dependência econômica no delírio de ter seus anseios sexuais atendidos para facilitar-lhes a vida.É....

Também acreditem na realidade por lá de bailarinas que nem podem ter namorado ou amigos dentro de casa, senão a porca torce o rabo e ficam na idéia doentia que ela é uma devoradora de homens a ponto de achar que existe uma fila imaginária de homens a quem ela deve se disponibilizar sexualmente e os infelizes avançam, parece loucura???, mas não é, inclusive há o artigo de uma estudante/bailarina estuprada há anos atrás porque estava com 2 homens em casa, seus amigos, e caras no prédio a intitularam de prostituta, e ela foi estuprada... (também vou traduzir mais tarde...) A coisa tem chegado a níveis alarmantes.

O que será da dança, e consequentemente das mulheres se a coisa não mudar??? mas é aí que entra a notícia abaixo, há gente lutando por mudanças, e este primeiro artigo com informações será seguidos de vários outros regularmente com traduções e informações deste problemas que vivemos em todo o mundo, e na dança do ventre, acompnhado de medidas de apoio ao fim deste absurdo em todo o mundo.

O artigo abaixo foi traduzido livremente...

O Egito está começando a levar a sério o assédio sexual

Ele tem sido tacitamente aceito e as vítimas culpadas, mas a "Geração Facebook" está lentamente ajudando a mudar esta percepção.
por  - guardian.co.uk,

Centenas de mulheres protesto egípcio sobre a violência contra as mulheres
durante a repressão aos manifestantes no Cairo no ano passado. Foto: Amr Nabil / AP


O assédio sexual de mulheres não é assunto novo no Egito. Quase todas as mulheres no país tem experimentado alguma forma de assédio , seja verbal ou física.
O que é novo, porém, é uma mudança lenta, mas constante na maré da opinião pública. Tudo começou com Eid em 2006, onde uma multidão de mulheres foram vítimas de predadores sexuais, alguns tendo suas roupas roubadas/rasgadas.
(não tenho certeza se Eid é uma praça ou cidade, mas a questão mais importante é que durante a manifestação as mulheres foram atacadas por uma multidão de homens que rasgaram suas roupas, o que tb aconteceu em outros momentos, e também durante a revolução na Praça Tahir, além do caso de uma jornalista que depois do ocorrido voltou sua atenção para a luta contra a agressão à mulher em todo o mundo.)

 
Até recentemente, a palavra árabe para o assédio (tahharush) não tinha sido utilizada neste contexto/problema. Anteriormente era conhecido como muakssa - implicando comportamento brincalhão de jovens que têm tempo livre (ociosos). Ele foi simplesmente aceito como parte de ums idéia de que "meninos são meninos", tendo as mulheres e meninas que abraçá-los, porque é assim que são os meninos.
(alguém me diz que os marmanjos das fotos são meninos, e se o fossem, por favor...)

Finalmente, este câncer social tem sido reconhecido como "assédio" e os meios de comunicação começaram a prestar atenção em vez de fechar os olhos.
Em 2010, um filme egípcio intitulado 678 começou a trazer a questão à atenção do público. O filme contou as histórias de três mulheres de diferentes classes sociais, todas são vítimas de assédio de uma maneira ou de outra.

(achei o filme neste link em árabe, vale a pena ver mesmo sem entender - http://www.youtube.com/watch?v=QcumEAAQUgY)
O Eid al-Fitr após o Ramadã deste ano trouxe a sua quota habitual de assédio sexual, muitos dos incidentes foram fotografados e filmados - e se espalharam como fogo através do Facebook e YouTube , pedindo a conscientização sobre o problema e provocando o debate.

(Eid al-Fitr, quem souber o significado, informe em comentários...)

Desta vez, ao contrário do passado, nem todos envolvidos nesses "incidentes isolados" supostamente um caso de homens privados de casamento (sim, vc leu isto...) e sem atividades tem descarregado seus impulsos em mulheres provocantes que estavam apenas pedindo para ele. 
(não entendi bem esta parte, mas me valendo de um outro artigo egipcio, parace que homens incomodados com a situação econômica querem descarregar seus impulsos e agressividade sobre as mulheres, parecido com os agressores por aqui, mas vai além...)

Muitas das mulheres assediadas estavam totalmente vestida de hijabs e abayas, mas a desculpa de as "mulheres são culpadas", desculpa redundante para quem quiser pensar/acreditar. No hospital onde trabalho, não é incomum para os médicos do sexo feminino de hijab largas não acentuando uma única curva serem assediadas verbalmente.
 
Algumas pessoas, pelo menos, têm conseguido perceber que o problema é mais profundo. Parece que (como muitas assediadas relatam) que os predadores são geralmente das camadas mais pobres da sociedade, e um amplo debate sobre a desigualdade e pobreza tem sido extrapolado a partir do debate sobre o assédio inicialmente.

Alguns têm usado essa observação para explicar a epidemia social em termos econômicos: os homens descarregam sua frustação com a pobreza e seus sentimentos de raiva,  desigualdade e injustiça sobre os membros mais fracos de uma classe que odeiam.
Mas um argumento econômico não faz plena justiça ao problema, já que as mulheres de classes sociais mais pobres são perseguidos com a mesma frequência, se não mais, do que suas colegas mais ricas. Tateando nos apertados transportes públicos (um pequeno pedaço de inferno que aqueles que possuem carros não têm que passar todos os dias) é apenas um exemplo.


Grupos do Facebook tem sido dedicados a combater o problema, fazendo também a sua presença tangível com bandeiras nas ruas. Embora eles ainda recebam desdém, eles certamente forçam as pessoas a acordar.
(o grupo citado aqui no artigo está em árabe)

Um fator importante é a falta de sanções legais para deter os assediadores - embora alguns empregadores e empresas estejam tratando o assunto diretamente/internamente.
"Na escola onde eu trabalho, não obstante o jardineiro sequer pensar em me assediar, mesmo que ele pertencesse às classes sociais (mais pobres??), porque ele sabe que isso significaria o fim de seu trabalho. Assim, sob as circunstâncias corretas, eles sabem muito bem como controlar a si mesmos", Noha, uma professora de 27 anos de idade de Alexandria, explica.
 
Noha não usa o hijab. Ela se veste com roupas de estilo ocidental e, geralmente, leva um estilo de vida ocidental. Ela também vai a clubes dançar. diz ela, que a dança, misturada ao álcool estão em abundância, e fornecem um exemplo do que pode ser alcançado - dada a vontade. Apesar de sua embriaguez, os homens conseguem controlar-se, porque eles sabem que uma queixa de uma mulher significa que o segurança vai jogá-lo para fora. 

Exemplos similares podem ser vistos nos resorts do Mar Vermelho do Egito, onde os  funcionários de hotéis são capazes de controlar seu comportamento diante de  mulheres de biquíni e às vezes de topless.




O problema tem sido reconhecido e seus fatores atuais ou antigos debatidos. Mas a polícia nas ruas fecham os olhos para esse tipo de comportamento, às vezes até participando.  
Não há presença nas ruas para deter os que atuam apenas sobre a desculpa de sua luxúria e hormônios.
(a primeira frase deste parágrado ficou confusa, mas fala dos fatores de longo prazo e de como lidar com eles...)

Mas agora, pela primeira vez, estamos vendo este comportamento bárbaro sendo condenado vigorosamente por muitos da "Geração Facebook", descrevendo aqueles que não conseguem se controlar como animais, descrevendo-os em imagens sarcásticas de uma cabeça de porco no corpo de um homem com a legenda : "Ela está vestida assim Ela é a culpada".

Se a falta de punição é um fator de perpetuação, tolerância social do assédio ainda é a causa do problema. Noha relata que raramente é assediada por homens de classes sociais mais altas, mas isso não significa que eles condenam o comportamento. Na verdade, muitos homens não participam de tais atividades em si, porque eles a vêem como "inferiores" (os que fazem isto publicamente nas ruas), mas ainda acreditam que a vítima é a culpada pelo assédio por causa de sua maneira de se vestir.
Felizmente, as pessoas (embora muito poucos no momento) estão começando a ver a loucura de culpar as vítimas. Não é diferente de culpar uma pessoa negra por sofrer discriminação.
Meios de comunicação sociais e filmes como "678" definitivamente chamaram a atenção. Uma nova geração de egípcios ansiosos em expressar as suas opiniões e ser ouvido e influenciado por conceitos como as liberdades individuais e os direitos das mulheres estão começando a agir. Lenta, mas seguramente, a sociedade está começando uma mudança de atitude e de rompimento com as atitudes patriarcais de ontem.




AJUDE, ASSINE!!!!!

PARE A VIOLÊNCIA SEXUAL NO ÊGITO, INCLUSÃO DOS DIREITOS DAS MULHERES NA CONSTITUIÇÃO
http://www.avaaz.org/en/petition/Stop_Sexual_Violence_Against_Women_in_Egypt/?fvZUFab&pv=31

FIM DO ASSÉDIO SEXUAL NO ÊGITO
http://www.avaaz.org/en/petition/Ending_Sexual_Harassment_in_Egypt/?flzbYbb&pv=3

1 comentários:

Samantha Monteiro disse...

Oi Lu! Eid eh uma data comemorativa dentro do calendário islâmico, se não me engano eh o dia do final do Ramadan. Beijos

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