: Gente, como eu ando enrolada, mas não quero deixar o blog sem atividade, vou fazer algo que as meninas que foram na minha palestra no início...
Gente, como eu ando enrolada, mas não quero deixar o blog sem atividade, vou fazer algo que as meninas que foram na minha palestra no início de dezembro pediram: vou colocar o material da palestra aqui :-)
Mas vou colocar aos poucos, até pra não enjoar, ok? Então, farei o seguinte, a cada 15 dias vai sair um resumo de cada capítulo do livro, junto com a pesquisa que eu fiz por fora, tanto da história da Dina quanto da história do Egito e de outras bailarinas também. Também separei alguns trechos do livro e traduzi para ilustrar.
Então, para começar eu traduzi todo o prefácio, que é muito lindo!
Com vocês,
Ma liberté de danser!
PREFÁCIO
Dina, a última bailarina
Existem tantos Egitos... aquele das rochas, da eternidade faraônica, dos templos e das pirâmides. Aquele das areias, dos desertos cor de ocre, das redondas dunas. Aquele do Nilo, com suas paisagens inalteradas há séculos, seus camponeses em roupas brancas curvados sobre os campos de cana de açúcar.
Também existe o Egito dos mitos. Aquele dos deuses e deusas, dos faraós e suas rainhas, cuja graça e elegância enfeitiçam ainda as paredes dos monumentos que mais de 15 milhões de turistas visitam por ano. Mas, cada noite, do Cairo à Assuã, da costa de Alexandria até a beira do rio em Luxor, esses turistas estão também a procura de uma outra lenda: aquela da bailarina de dança do ventre, mulher absoluta, sedutora e feiticeira.
Esse mito, com o qual cruzei numa noite de abril. Uma dessas noites que o Cairo adora prolongar nos cinemas, restaurantes e cafés. Para o viajante, o estrangeiro de passagem, que não conhece esse país, essas noites são uma oportunidade de mergulhar em uma das realidades do país, longe dos batidos clichês turísticos. É preciso ir até a beira do Nilo, para ver o rio pontilhado por uma guirlanda brilhante de barcos, onde famílias inteiras vadiam, jovens e velhos juntos numa alegre corrente humana nas bordas dos navios. É preciso ir aos teatros, onde a boa sociedade cairota se aperta para aplaudir os grandes atores, cujas atuações são comentadas nas colunas dos jornais de Argel até Damasco. Ao mesmo tempo, no centro da cidade, certos cafés recebem escritores e intelectuais, que ficam por horas nos seus salões, no meio da fumaça dos cigarros e do vapor quente das taças dos chás perfumados com menta. Nessas noites, o Cairo lembra a sua gêmea imaginária, a capital das mil e uma noites, dos mil e um prazeres.